Inconstante. Tudo é abaladiço. A
cidade é instável, a sociedade e eu também. Isso justifica por que a cada
postagem o blog fica diferente. Ainda não consegui definir nenhum modelo que
consiga representá-lo. A verdade é que a cada postagem tenho um novo sentimento
e pra cada sentimento surge uma imagem. Tudo é inconstante.
Os últimos dias aqui em Niterói
foram hesitantes. Conheci o pessoal da faculdade, por incrível que pareça, são
pessoas normais. Alguns ainda representam visualmente a Ciência Humana, com cabelos
compridos, barbas, dreads, chinelos, bermudas, vestidos rasgados, bolsas
hippies, camisetas com a foto do Che. Mas diferentemente do que costumo ver na
UFG, esses são minorias por aqui.
O prédio da Geografia é magnífico!
Vai ser difícil de concentrar nas aulas, já que pela janela tenho a vista da
Baía de Guanabara e do Cristo Redentor. Vou ter muito prazer em acender o meu
cigarro e ficar admirando a linda Praia Vermelha. Tudo na Geografia é incrível.
Melhor ainda é saber que vou conviver com alguns dos grandes nomes da Geografia;
Ruy Moreira, Carlos Walter, Jacob Binsztok, Rogério Haesbaert, Valter do Carmo
Cruz, entre tantos outros.
O lugar mais democrático por aqui
é a Praça da Cantareira. Lugar digno de várias cervejas e risadas. Todos os
estilos, todas as formas, todos os gostos e muitos estudantes. A Cantareira é
muito linda. Ainda não tirei fotos desse espaço/lugar incrível, mas já bebi
alguns dias da semana lá.
Quinta-feira rolou a calourada.
Sensacional!!! Havia tanta gente que eu
até pensei que estava numa dessas festas de sertanejo de Goiânia. Foi uma farra
boa, me aproximei da galera. Ali foi um momento em que senti a energia de cada
um. Já posso até ver no futuro aqueles que serão os meus amigos. Na festa rolou
funk a noite toda. Realmente os/as cariocas amam rebolar o bumbum. A tal da Mc
Anitta faz o maior sucesso aqui. No meu senso, o estilo dela parece mais Kelly
Key, muito pop. Mas por aqui faz a galera cantar e dançar até o chão.
Itacoatiara vem sendo minha
segunda casa. Quando não tenho nada a fazer, encaro os 40 minutos de ônibus e
vou ser feliz. Essa semana já fui sozinha, fui com a Marcy ** e na sexta com a
galera da UFF.
Niterói é uma cidade linda. Mas
um pouco desconfortável. A Universidade atrai muitas pessoas pra ilha, assim o
custo de vida é elevado. A gasolina por aqui é na faixa de R$ 3,19, para se
alimentar aqui também é muito caro. Por exemplo, o quilo do pão chega a R$
12,90. O suco de caixinha, comprado no supermercado é de R$ 3,90 (a marca mais
barata). Enfim, as coisas aqui são caras. Mas, além disso, o desconforto que
sinto é em relação ao lugar/cidade. Niterói se transforma numa cidade
dormitório. A maioria da população trabalha no Rio, muitos estudantes são de
cidades vizinhas. Durante a semana, por conta dos universitários a cidade é
bastante movimentada. Mas na sexta-feira já é possível notar certa solidão. As
pessoas retornam aos seus lares. E a Cantareira vira um deserto, os bares não
abrem, as ruas são vazias, as praias já não são mais coloridas.
Sinto saudades de casa. Ainda
estou me adaptando. Tem dias que choro, um imenso conflito. Às vezes são
lágrimas de alegria, mas às vezes de solidão.
** Marcieleh, vulgo Marcy também está participando do Programa de Mobilidade Estudantil, veio do Paraná e assim como eu ficará por 6 meses na UFF. Ela está sendo minha fiel escudeira nos últimos dias.